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O Adão Pernambucano e a Eva Tupinambá

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(Medalha comemorativa representando, da esquerda para a direita: Jerônimo de Albuquerque, Muirá Ubi e Jerônimo de Albuquerque Maranhão. Fonte da imagem: A Terra de Santa Cruz ) O século XVI, o mesmo em que viveu Giovanni Cavalcanti — de quem já falamos —, foi o século dos navegadores e dos mercadores. A Europa começava a desvendar o mundo, e isso abria novas rotas, novas possibilidades de exploração comercial, além de ocasionar o encontro entre diferentes culturas e criar novas formas de sociabilidade. Os homens de negócios e os aventureiros do mar se encontravam no centro desse turbilhão de transformações. Foram os agentes cruciais dos novos tempos, no início de uma nova configuração do mundo. Portugal, como é sabido, foi o país pioneiro das Grandes Navegações. Desde cedo organizado como Estado moderno, e colocado de frente para o Atlântico, estava em condições privilegiadas para se lançar primeiro à descoberta do globo. Por essa confluência de fatores, veio a ser a pátria

Os senhores das tabas

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(Guerreiro Tabajara em representação de Claude D'Abeville, de 1614. Fonte da imagem: Wikimedia Commons ) Antes da chegada dos europeus à América do Sul, as nações indígenas que viviam no que hoje é o Brasil mantinham elaboradas estruturas sociais, e uma cultura rígida e tradicional, como é próprio das sociedades tribais. Assim como a Europa medieval, tradicional e rígida, pré-industrial, os povos indígenas no século XV eram sociedades em que se verifica aquilo que Durkheim chamou depois de solidariedade mecânica; ou seja, eram comunidades com laços muito fortes entre os indivíduos, e tradições arraigadas, tradições essas frequentemente religiosas, que ditavam às pessoas o senso de identidade. Por isso, não é de estranhar que os romancistas brasileiros do século XIX quisessem ver nos costumes indígenas um paralelo com a ética da cavalaria medieval. Não nos deveria causar estranheza também saber que os indígenas cultivavam - e muitas nações indígenas ainda cultivam - a su

O bastardo preferido de D. Dinis

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(D. Afonso Sanches, ilustrado na obra Genealogia dos Reis de Portugal, de autoria de Antônio de Holanda. Fonte da imagem: Wikimedia Commons , a) Um capítulo importante da História dos nossos antepassados é aquele que se refere a um destacadíssimo nobre português do século XIV. Da prole desse homem veio uma parte considerável do legado dinástico herdado por esta família - e não só por esta, mas por muitas outras do Brasil, e, mais especialmente, do Nordeste. Afonso Sanches era filho natural de D. Dinis, o sexto rei da dinastia de Borgonha. D. Dinis ficou conhecido por ter incentivado o trabalho no campo, o que lhe valeu o codinome de o Lavrador . (AMEAL, p. 123) Fernando Pessoa, no clássico Mensagem o chama de "o plantador de naus a haver". Isso é uma referência ao cultivo de pinhais incentivado pelo rei. Para que as áreas férteis de Leiria não fossem invadidas pelas dunas impelidas pelos ventos marítimos, D. Dinis fez plantar imensos pinhais para fixar a terra a

Le Stinche - Castelo ancestral dos Cavalcanti

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(Vista do Castello delle Stinche em meio à floresta. Fonte: Marcelo Bezerra Cavalcanti ) Dentre as possessões da família Cavalcanti que mencionamos em um dos artigos anteriores , uma chama a nossa atenção de maneira especial. Toda a história que estamos narrando aqui sobre os nossos antepassados é sobre honra e sobre a construção de uma dinastia. Por isso é tão importante para o nosso objetivo explorar as ligações entre a nossa gente e outros grandes do passado, outros com os quais a grandeza dos nossos indubitavelmente ombreava. Igualmente importante é falar do senso de honra cultivado pelos nossos ao longo de gerações sucessivas, e sobre o grau de poder que tinham em si mesmos, e a autonomia com a qual o exerciam. Dissemos que, na quinta geração da nossa família, Cavalcante dei Cavalcanti, filho de Gianozzo e neto de Guido Guerra III, era senhor de alguns castelos no campo. Entre entes citamos o Castello delle Stinche. É sobre esta fortaleza e sua história que gostaríamos