Filipe R. Cavalcante

(Condessa Willa dos Ucpoldingi, bisneta de Ucpold. Fonte da imagem: Wikimedia Commons ) A grande notícia mundial - ou pelo menos da cristandade ocidental - no ano 846 deve ter sido o saque à Basílica de São Pedro pelos sarracenos. Os muçulmanos vinham fazendo várias incursões na Itália meridional naquele ano, chegando a ameaçar Roma. E, certamente, o ataque à basílica e a profanação do tradicional túmulo de São Pedro foi o ato mais ousado de sucesso para eles. Para reprimir as campanhas dos sarracenos, o rei Lotário se armou e combateu. Lotário era o monarca de origem franca, da dinastia carolíngia. Levava consigo seu filho Luís, que, como rei, acabou cognominado "o Jovem". Lotário era imperador nominal da Itália. Como mencionamos no artigo anterior, a península ou partes dela eram ora reivinidicados por uma potência, ora por outra. Frequentemente, as diferentes regiões da Itália tinham cada uma um governo local apenas formalmente obediente à potência estrangeira.

(Ravenna. Fonte da imagem: Seabourne ) Numa postagem anterior desta página, disponibilizamos a nossa árvore genealógica , ou, pelo menos, o ramo mais documentado dela, que nos leva até o século IX. Gostaríamos agora de resumi-la em forma de fatos históricos, de maneira a contar uma história da nossa Casa, uma parte da história por vez. A desagregação do Império Romano deu origem a uma colcha de retalhos política por toda a Europa ocidental. Porém, se certas partes da Europa se estruturaram ao longo da Idade Média em reinos unificados, como foi o caso da França, não foi assim com a Península Itálica. A Itália permaneceu por muitos séculos como uma zona não centralizada, na qual diferentes potências e governos puseram as mãos por mais ou menos tempo, mas nunca de forma a abarcá-la inteira. Toda a história medieval italiana é caracterizada por uma gama imensa de diferentes formas e sistemas de governo, ora controlados de longe por uma potência internacional, ora nas mãos dos l

(Ruínas do Castelo de Modigliana, conhecido também como La Roccaccia. Fonte da imagem: Appennino Romagnolo ) O conceito de nobreza hereditária no Ocidente está profundamente alicerçado na prática da sociedade estamental na Idade Média. Dificilmente, ou praticamente nunca, haveria um nobre que houvesse surgido do nada e alcançado essa posição. A construção dessa posição social era um processo que levava gerações, a pequenos passos, e, sempre que possível, remetendo a um distinto e poderoso legado familiar. Foi assim, como vimos, no caso do clã que estamos analisando e que viveu na Alta Idade Média. E continuou sendo assim para seus descendentes, que continuaram a procurar posições maiores e mais honradas, e a preservar a herança material e espiritual de seus antepassados. Para o sistema de estamentos medieval, fazia muito sentido crescer um pouquinho em dignidade a cada geração. E os casamentos eram uma ótima oportunidade para isso. Como vimos no caso dos Ucpoldingi, as ali